Psicóloga do HGE orienta como lidar com as crianças na pandemia

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Repórter: Neide Brandão

Repórter Fotográfica: Neide Brandão

A pandemia do novo coronavírus tem deixado a população apreensiva, receosa. E o que dizer das crianças? Como os pais devem lidar com a realidade desse momento difícil e perigoso? A psicóloga Mayra Rejane explica que dizer a verdade é sempre o melhor caminho, mas é preciso ter cuidado ao se expressar e transmitir tranquilidade ininterruptamente.

Segundo ela, é fundamental esclarecer as coisas de forma inequívoca. “Pode-se usar meios lúdicos para que elas [as crianças] possam entender melhor, mas jamais mentir ou omitir. Devemos proporcionar confiança, segurança e apoio a nossas crianças. Uma dica é usar desenhos, revistas ou algo lúdico, como alguma brincadeira, para que elas possam reproduzir e projetar seus sentimentos, angústia e medos”.

Mayra explica que, muitas vezes, as crianças reproduzem comportamentos que observam no ambiente familiar. “Os pequenos precisam entender que eles também podem fazer parte de tudo e ajudar na prevenção. Vale dizer que se trata de uma doença com sintomas próximos a uma gripe forte, que essa doença pode fazer muito mal para os avós e para aqueles que têm a saúde mais frágil,além de explicar que ficar em casa diminui a propagação do vírus”, sugere a especialista.

Um exemplo simples, de acordo com a psicóloga, é o uso do álcool em gel, o hábito de lavar as mãos e a higienização do ambiente. “Ao ver os pais fazendo, elas geralmente aprendem e passam a reproduzir. E esses hábitos de higiene devem ser reforçados. Lembrar às crianças que devem evitar colocar as mãos nos olhos, nariz e boca. E que é de extrema importância higienizar as mãos antes de tocar essas partes do corpo, assegurando que esse cuidado auxilia a proteção de todos”, detalha.

A psicóloga alerta, ainda, que cada criança pode reagir de uma forma. “Cada comportamento é único e significativo para superar o momento vivenciado. Este é um momento de partilhar sentimentos e pensamentos que trazem aflição, incertezas, medos, o qual não condiz com a rotina anterior. É um momento delicado, diferente, e são compreensíveis as reações e dúvidas das crianças. Cabe aos adultos não minimizar as perguntas, observar e trabalhar cada reação com muita conversa e carinho”.

Criando rotinas
Geovana Silva, decoradora de festas, é mãe da pequena Beatriz, de oito anos. Ela contou que no início da pandemia a filha não entendia por que as outras crianças continuavam brincando na rua, e ela não. “Nós a orientamos sobre o que vinha acontecendo e a necessidade do isolamento social. Explicamos que cada pai/mãe era responsável pela sua criança, e nós nos importávamos tanto com ela que a queríamos bem”, conta.

Para facilitar a nova realidade da filha, a família de Beatriz investiu numa alimentação mais saudável e criou uma rotina de estudo e brincadeiras para ela: “Teve um período que ela passou a não conseguir dormir sozinha, mas trabalhamos com muita conversa e amor, fazendo-a perceber que não era necessário viver assustada”.

A psicóloga Mayra Rejane ressalta que, mesmo em casa durante a pandemia, criar uma rotina incluindo tarefas e lazer é salutar para as crianças. “Ler, pintar, fazer colagens, jogar, fazer atividadeseducativas, assistir à televisão, etc., assim como manter contato com os familiares distantes, duas vezes ao dia por telefone, por ligações de vídeo ou pelas mídias sociais, dependendo da idade da criança. São ideias que valem a pena seguir. Apesar de estarmos vivendo um momento difícil, é imprescindível estimular rotinas de atividades diárias, estudos e afazeres domésticos para ocupar a mente e evitar ansiedade e ociosidade”.

Se alguém da família vier a falecer, é necessário o diálogo aberto e sempre conversar com as crianças olhando nos olhos e falando na mesma altura. “Falar palavras otimistas e objetivas, que passem confiança e capacidade de superação, resiliência. Além de tudo, esclarecer o momento que estamos vivendo com orientações precisas”, completa a especialista.

Fonte: Saúde Alagoas

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