HGE:Maioria das vítimas de queimaduras se acidentou com líquidos

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Repórter: Thallysson Alves

Repórter Fotográfico: Carla Cleto

Pode ser o contato direto com o fogo, ou com um material superaquecido, ou uma reação química, ou até mesmo um choque elétrico. De todas essas formas, a pele pode sofrer queimaduras, que a depender do caso, podem ser superficiais ou gerar consequências graves. Em 2019, o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Geral do Estado (HGE) registrou 612 ocorrências (228 nos cinco primeiros meses); este ano, até maio, já foram 218 atendimentos.

No ano passado, quase 60% das vítimas de queimaduras atendidas pelo HGE, se acidentaram após o contato com líquidos superaquecidos (escaldaduras). Ao todo, somaram-se 314 assistências no ambulatório, sendo que 145 com necessidade de internamento.

R. F. S. tem 8 anos de idade. Sua mãe, Daniele Ferreira de Oliveira, de 34 anos, teve um sustão quando descobriu mais uma teimosia do filho. É que não foi a primeira vez que o garoto mexeu no fogão sem permissão. No entanto, agora a desobediência não parou na chamada de atenção.

“Por conta própria, na casa da avó, ele inventou de esquentar água para fazer leite e tomar com biscoito. Ninguém viu; ninguém percebeu. Descobrimos quando escutamos os gritos. Ele derrubou a panela e a água quente caiu na barriga e perna dele. Fiquei desesperada! Joguei toda água fria que pude no corpo dele e corri para o ambulatório na Chã da Jaqueira [Ambulatório 24h Miguel Fenelon Câmara]. De lá viemos para o HGE, ele foi logo atendido na Área Vermelha e depois transferido para cá”, recordou Daniele.

O cirurgião plástico Fernando Gomes avalia como correta a atitude da mãe. Ele explica que a primeira ação é colocar o local afetado em água corrente fria por, pelo menos, 15 minutos. Se perceber que o ferimento alcançou camadas mais profundas e extensões consideráveis, o mais aconselhável é acionar imediatamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), discando 192, ou levar a pessoa rapidamente para o hospital de emergência mais próximo.

“Não tente retirar objetos ou roupas grudadas na queimadura; não passe manteiga, pasta dos dentes, café, sal ou qualquer outro produto; não ponha gelo sobre a pele, pois o frio extremo além de causar irritação, pode piorar a queimadura e até causar um choque devido à grande diferença de temperaturas. É importantíssimo que o ferimento seja devidamente tratado o mais rápido possível, para tentar afastar o risco de infecção e diminuir cicatrizes”, alertou o médico.

Atenção redobrada – Depois dos líquidos superaquecidos (escaldadura), as maiores ocorrências de queimaduras em 2019 foram decorrentes de: sólido superaquecido (63), chama de fogo direta (44), eletricidade (22), contato (18), álcool líquido (17), não especificado (15), substância química (12), vapor (7), explosivos (6), alimentos aquecidos (5), solar (3), ficção (2) e plástico (1).

Este ano, de janeiro a maio, no internamento e no ambulatório do CTQ, 118 pessoas foram acolhidas por escaldadura, 39 por contato direto com a chama, 23 por contato com a superfície superaquecida, 15 por eletricidade, oito decorrentes de explosão, seis devido ao manuseio errado do álcool, três após envolvimento em acidente no trânsito, um por lesão necrótica, um por vapor quente, um por acidente durante crise epilética, um por exposição excessiva ao sol, um por água viva e um por suicídio.

Outro dado que pede atenção dos pais e responsáveis por crianças é que mais de 23% dos atendimentos no ano passado foram em crianças de 0 a 10 anos de idade: 124 no total. Para o cirurgião plástico Fernando Gomes, todos os adultos devem estar muito atentos às crianças, qualquer período do dia, pois quando ainda não entendem o risco, se apresentam curiosas.

“É ideal evitar o uso de toalhas de mesa compridas, instalar barreiras de acesso à cozinha e área de serviço, manter o cabo das panelas direcionado para o centro do fogão, sempre fechar a válvula do gás, verificar a temperatura de líquidos e alimentos antes de servir, instalar protetores nas tomadas; e nunca deixar ao alcance: ferro de passar roupas, fósforos, isqueiros e álcool”, aconselhou o médico.

Fonte: Saúde Alagoas

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