ONU-Habitat e Governo de Alagoas vão ouvir moradores das grotas sobre pandemia

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A agência das Nações Unidas trabalha desde 2017 em parceria com o Governo do Estado no programa Vida Nova nas Grotas

Se você mora em uma das 100 grotas de Maceió e o seu telefone tocar a partir desta sexta-feira (17) com o DDD 021 (Rio de Janeiro), procure atender. Pode ser um dos pesquisadores do novo projeto do Governo de Alagoas com o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat).

Com o título “Covid-19: Monitoramento e Resposta Rápida Baseada em Evidências em Assentamentos Informais de Maceió & Intercâmbio de Conhecimento com o Rio de Janeiro e Cidades Lusófonas”, a iniciativa consiste em coletar dados sobre o enfrentamento ao novo coronavírus, bem como avaliar a situação socioeconômica das comunidades a partir de relatos dos próprios moradores e das lideranças comunitárias.

Com duração de três meses, o projeto terá como principal resultado a apresentação de um diagnóstico dos efeitos da pandemia de Covid-19 nas grotas de Maceió. Diante do panorama retratado no relatório, o documento poderá orientar os gestores a aplicar desde respostas imediatas à pandemia até soluções sustentáveis de desenvolvimento.

“A partir da aplicação dos questionários, conseguiremos captar essa realidade e produzir o relatório com base nos dados que coletamos de maneira a orientar melhor as ações e as políticas públicas do Governo do Estado”, explica Rayne Ferretti Moraes, Oficial Nacional do ONU-Habitat.

Para qualificar as decisões dos gestores, e assim melhorar as condições de vida e de enfrentamento à pandemia nas grotas, o ONU-Habitat e o Governo de Alagoas estão buscando conversar diretamente com a população. Portanto, a atenção dos moradores é fundamental.

Como a agência das Nações Unidas trabalha desde 2017 com um projeto desenvolvido em parceria com o Governo do Estado no âmbito do programa Vida Nova nas Grotas, os primeiros 400 entrevistados desta primeira fase serão sorteados de uma base de dados construída a partir de visitas domiciliares realizadas pelo ONU-Habitat ao longo dos últimos anos.

“A nossa expectativa para esse momento inicial é conseguir captar a percepção e a situação de moradoras e moradores das 100 grotas de Maceió, entendendo que as grotas têm características dos assentamentos informais, que são ambientes em que a propagação de vírus pode ocorrer de maneira mais intensa em função da pouca ventilação das casas, de muitas pessoas dividirem um mesmo cômodo, pela falta de acesso a água e saneamento e pela limitação de renda para comprar máscaras, álcool e sabão”, exemplifica Rayne Ferretti Moraes.

Entrevista

Vai funcionar assim. Ao atender a ligação, o morador será informado que se trata de um projeto do ONU-Habitat em parceria com o Governo de Alagoas e vai começar a fazer uma série perguntas sobre: informações pessoais, características da moradia, trabalho e renda, conhecimento sobre o coronavírus, possíveis sintomas da Covid-19 nos moradores do domicílio e acesso a serviços de saúde.

Ao final, o entrevistador poderá perguntar se o morador pode indicar mais alguém da comunidade para ser entrevistado. O objetivo é ampliar a base de dados do projeto para as duas fases seguintes. Na segunda fase, por exemplo, o objetivo do projeto é entrevistar até duas mil pessoas. “Por isso, vamos precisar da ajuda dos próprios entrevistados para indicar vizinhos e outros contatos que moram na comunidade para ampliarmos a nossa base de dados”, reitera Jônatas Ribeiro de Paula, Analista de Programas do ONU-Habitat no escritório de Maceió.

Uma observação crucial: em momento algum serão solicitadas informações sobre número de documentos pessoais, como RG, CPF ou dados bancários. Caso isso ocorra, desligue o telefone imediatamente. “É importante frisar que vamos fazer perguntas pessoais, sobre o domicílio e o novo coronavírus, mas, em hipótese alguma, vamos pedir dados bancários ou números de documentos pessoais”, reforça Jônatas de Paula.

Outro aspecto a ser ressaltado é que todas as informações fornecidas serão confidenciais. “Nenhuma resposta será identificada no nome da pessoa e ela pode ficar à vontade para não responder uma pergunta, se não quiser ”, esclarece o Analista.

Vale reforçar que, como a sede do ONU-Habitat no Brasil fica localizada no Rio de Janeiro, a ligação virá de um telefone com DDD 21. Se o Rio de Janeiro ligar, atenda! Você vai doar um pouco do seu tempo por uma boa causa. O tempo médio de duração de cada entrevista é de 15 minutos e a coleta de dados nesta da primeira fase deve durar 15 dias.

Cerca de 100 líderes também serão entrevistados, mas com questões diferentes, pois serão mais focadas na percepção e avaliação de aspectos qualitativos da comunidade.

Sobre o projeto

A proposta elaborada pelo Governo de Alagoas concorreu com mais 55 projetos de diversos países do mundo. Ao todo, 13 foram selecionados, mas apenas um do Brasil – justamente o que acontecerá nas grotas de Maceió ao longo dos próximos três meses. O recurso de US$ 100 mil – cerca de 500 mil reais – que custeia toda a execução do projeto é proveniente do Fundo Emergencial para Atividades de Apoio ao Combate à Covid-19 do ONU-Habitat, agência das Organização das Nações Unidas (ONU) dedicada às cidades e aos temas urbanos.

Fonte: Saúde Alagoas

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